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Belém

Onde estão os ônibus novos prometidos pelo prefeito de Ananindeua?

Even Oliveira

De cadeiras quebradas ou rasgadas à falta de acessibilidade, afetando diariamente milhares de pessoas que dependem do transporte público para se deslocar, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém (RMB), usuários reclamam do problema crônico dos veículos, que tem se agravado nos últimos anos. Além da deterioração dos ônibus, o cenário atual revela um sistema em crise: pontos de paradas abandonados e a demora para conseguir o transporte pela falta de coletivos.

Em uma das paradas da BR-316, próximo à rua Jardim Esmeralda, no bairro Guanabara, a manicure Rosa Ferreira, de 67 anos, descreve a rotina exaustiva de depender dos ônibus da linha Júlia Seffer para ir para o trabalho, que por vezes chega a demorar mais de meia hora. Se a ida é difícil, para Rosa, “a volta é muito pior, porque à tarde eles reduzem a frota de ônibus”. A infraestrutura dos ônibus é outro ponto crítico. “Cadeiras rasgadas, assentos soltos. Ontem, quando fui levantar, o assento caiu”, conta. As paradas de ônibus em si também deixam a desejar, expondo os passageiros ao sol e chuva. “Tudo assim, a céu aberto, é muito difícil”, lamenta Rosa.

Eduardo Fernando Cruz, 24, autônomo, também sente os impactos da má qualidade do transporte. Ele, que estava à espera de algum ônibus que o deixasse na Praça Dois de Junho, no bairro Águas Brancas, relata esperar 30 minutos na parada e que, dentro dos ônibus, a situação não é das melhores. “A infraestrutura é péssima, as plataformas para cadeirantes não funcionam, e os ônibus frequentemente passam fora das paradas. Já fiquei 40 minutos esperando um ônibus que estava quebrado e, quando o outro chegou, estava lotado”, compartilha sobre uma das situações em que vivenciou há menos de um mês.

Daniel Santos disse que os veículos teriam wi-fi, ar condicionados e tarifas mais baratas. Mas, um ano depois, a situação da população que depende do transporte coletivo no município só piora a cada dia Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

O técnico em refrigeração Breno Souza, 37, enfrenta uma situação igualmente desanimadora na BR-316, entre a avenida Débora Calandrine e a rua Oswaldo Cruz. “Os coletivos são precários, tudo que não presta”, diz ele, que às vezes precisa recorrer a aplicativos de transporte devido às falhas mecânicas dos ônibus. “Já aconteceu de o ônibus dar prego e eu ter que pegar aplicativo para não me atrasar para uma reunião”, comenta.

Longas esperas e falta de segurança e conforto são problemas que seguem por mais bairros do município. Retrato da insatisfação diante do descaso do serviço que é essencial para a população, o aposentado Gilberto Ferreira, 66, denomina a situação como “precariedade pura”. Ele que esperava na parada da rua Providência, próximo ao Cemitério Municipal da Cidade Nova 8, para ir a uma consulta médica, expressa. “Esses ônibus são velhos, chove dentro, e eu estou aqui há meia hora esperando. Se eu perder a consulta, fico prejudicado. Tenho que antecipar meu horário, mas nem sempre adianta”.

Gilberto também recorre a aplicativos de transporte, especialmente nos finais de semana, quando a espera pode chegar a uma hora. “Além de reduzir as rotas, deixaram só ônibus velhos para rodar”, pondera.

PROMESSAS

Em maio de 2023, o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, oficializou no Diário Oficial do Município a licitação para a melhoria do sistema de transporte público, incluindo novos veículos, maior conforto, ar-condicionado, e implementação tecnológica como GPS e Wi-Fi, além de uma tarifa mais acessível de R$3,60 – que atualmente custa R$4,00. No entanto, mais de um ano depois, essas promessas não foram cumpridas, e a população continua sofrendo com os mesmos problemas.

Redação
Redação
O Diário do Pará é um jornal fundado pelo jornalista Laércio Wilson Barbalho, impresso diariamente em Belém desde 1982, pertencente ao Grupo RBA.

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